A suntuosa Brasília e
a esquálida Ceilândia
contemplam-se.
Qual delas falará primeiro?
Que tem a dizer ou a esconderuma em face da outra?
Que mágoas, que ressentimentos
prestes a saltar da goela coletiva
e não se exprimem?
Por que Ceilândia fere o majestoso
orgulho da flórea capital?
Por que Brasília resplandece
ante a pobreza exposta dos casebres
de Ceilândia,
filhos da majestade de Brasília?
E pensam-se, remiram-se em silêncioas gêmeas criações do gênio brasileiro.
(Carlos Drummond Andrade)
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