14 de ago. de 2011

Poema de São Tomás de Aquino

Eu te adoro com afeto,
Deus oculto,
que te escondes nestas aparências.

A ti sujeita-se
o meu coração por inteiro
e desfalece ao te contemplar.

A vista, o tato e o gosto
não te alcançam,
mas só com o ouvir-te*
firmemente creio.

Creio
em tudo o que disse o Filho de Deus,
nada mais verdadeiro
do que esta Palavra da Verdade.

Na cruz estava oculta
somente a tua divindade,
mas aqui se esconde também
a humanidade.

Eu, porém, crendo e
confessando ambas,
peço-te o que pediu o ladrão arrependido.

Tal como Tomé,
também eu não vejo as tuas chagas,
mas confesso, Senhor,
que és o meu Deus;
faz-me crer sempre mais em ti,
esperar em ti, amar-te.

Ó memorial da morte do Senhor,
pão vivo que dás vida ao homem,
faz que meu pensamento
sempre de ti viva,
e que sempre lhe seja doce este saber.

Senhor Jesus,
terno pelicano**,
lava-me a mim, imundo,
com teu sangue,
do qual uma só gota
já pode salvar o mundo
de todos os pecados.

Jesus, a quem agora vejo sob véus,
peço-te que se cumpra o que mais anseio:
que vendo o teu rosto descoberto,
seja eu feliz
contemplando a tua glória.

(Tomás de Aquino)

{obs: * Só com ouvir-te : a fé, como ensina São Paulo, vem pelo ouvir; **
Jesus, "terno pelicano": o pelicano chega a rasgar o próprio peito para com o seu sangue e carne alimentar os filhotes. *}

Um comentário:

  1. Amei esse lindo poema de são Tomás de Aquino, um apaixonado por Jesus depois da sua conversão.

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